25 DE ABRIL SEMPRE

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O 25 de abril faz 50 anos. 50 anos de liberdade, tolerância, democracia, pluralidade, desenvolvimento.

Ao longo destes 50 anos erigiu-se uma escola realmente pública e um sistema nacional de saúde, promoveu-se a liberdade sindical, instituiu-se um salário mínimo, um rendimento social de inserção, promoveram-se leis para garantir a igualdade de género e a tolerância — sexual, étnica, política, religiosa…

Nestes 50 anos melhoraram-se drasticamente as condições de vida: a eletricidade e o saneamento básico saíram finalmente das cidades e vilas; a mortalidade infantil caiu a pique; a esperança média de vida subiu significativamente; o analfabetismo (cerca de 25% à data da revolução), tornou-se residual.

Convenhamos, muitas destas conquistas só foram possíveis por força da integração na União Europeia — em mais do que um aspeto, o pilar decisivo na preservação da nossa democracia. Celebrar abril é também celebrar a União Europeia, onde Portugal nunca teria sido admitido enquanto permanecesse uma ditadura.

Se muito está ainda por cumprir? — Sem dúvida.

Mas agarremos a mãos ambas tudo quanto conquistámos. Que não foi pouco.

E mantenhamos os olhos bem abertos, pois não faltam saudosistas do tempo dos bufos, dos presos políticos, das detenções sem mandado judicial, dos crucifixos nas salas de aula, da proibição dos divórcios, das semanas laborais de seis dias, dos caciques, manageiros e controleiros: nas escolas, nas fábricas, nos campos.

O tempo, enfim,  da ausência de direitos — laborais, políticos, religiosos.

Sentem-se alguns ofendidos com a heterogeneidade característica das modernas democracias ocidentais, como aquela que começámos a construir em Portugal, em abril de 1974. E, realmente, nem sempre é fácil conviver com tantas formas diferentes de estar, de ser, de viver.

Mas quem tenha um conhecimento, ainda que superficial, da história do mundo e de Portugal, sabe que tudo é preferível à infelicidade de viver em ditadura, onde invariavelmente se pretende impor uma homogeneidade ficcional, baseada no fanatismo, na discricionariedade e no preconceito.

25 de abril, hoje e sempre.